Exodus - Bonded by Blood (1985)


Três Décadas de Violência: O Aniversário de 30 Anos de Bonded By Blood

No mundo da música, existem diversos trabalhos que por mais que o tempo passe, a sua relevância e qualidade permanecem intactas, como se tivessem sido gravados recentemente e hoje, 25 de abril, uma obra desse porte está comemorando o seu aniversário de 30 anos. De qual obra estou falando? “Bonded By Blood”, um dos registros mais importantes da história do Thrash Metal mundial, influência direta para centenas de bandas e músicos ao redor do planeta. 

Produzido por Mark Whitaker (Lääz Rockit, Metallica) e lançado através da extinta gravadora Torrit Records, “Bonded By Blood” representa exatamente o que o Thrash Metal significa, ao pé da letra. Toda a energia, a fúria, a violência e a agressão que estão presentes em seus 40 minutos de duração são exatamente o que os admiradores do estilo mais almejam ao ouvir um trabalho do gênero. Ele também é dono de uma simples, porém extremamente eficiente ilustração de capa, com os dois irmãos gêmeos siameses se dilacerando, realizada por Donald J. Munz, que já trabalhou com bandas como Megadeth, Possessed e Slayer. A arte de capa, aliás, é outro fato vital para ele ser esse clássico inquestionável que é, diga-se de passagem.

Alguns segundos de silêncio e de repente os “riffs” afiadíssimos dos guitarristas Gary Holt e Rick Hunolt abrem esse belíssimo petardo, iniciando um dos muitos hinos presentes aqui. A faixa título, “Bonded By Blood” é um verdadeiro convite para o massacre que está apenas começando. O que nós temos aqui? Uma “cozinha” de bateria e baixo alucinante, composta respectivamente por Tom Hunting e Rob McKillop, um “riff” principal grudento, solos insanos e um refrão legendário, berrado com toda a intensidade e de uma forma desconcertante pelo finado Paul Baloff. E isso é apenas o começo, pois logo em seguida somos bombardeados pelo “Ataque do Êxodo”. “Exodus”, a faixa que dá nome a banda, é um Speed/Thrash lindo, cru e implacável, com mais uma grande refrão, forte como uma rocha e mantendo o mesmo pique insano da igualmente fantástica faixa de abertura.

Pisando um pouco no acelerador, temos a cadenciada e não menos fenomenal “And The There Were None”, mais um hino para nenhum ouvinte botar defeito, possuindo “riffs” diretos e que convidam todos a “banguearem” sem parar. Logo após, é a vez de todos receberem a sua “lição de violência”. As palhetadas viscerais de Holt e Hunolt iniciam aquele que é o legitimo mantra para a destruição e o caos, “A Lesson In Violence”. Retomando a mesma velocidade das duas primeiras músicas, essa composição é uma máquina assassina que apenas conhece o ódio e a devastação. Seus “riffs” e andamento são um prelúdio para a mais ensandecida ruína e seu refrão é o coro para a mais infame degradação. Uma música vil, doentia e esplêndida!

Em seguida, temos “Metal Command”. Preciso dizer o que ela representa? Se “A Lesson In Violence” é um ode a violência e ao caos, “Metal Command” é um ode ao Metal. Novamente temos nossos ouvidos atingidos por um “riff” principal maravilhosamente grudento, além de um refrão que fala por si. Mais uma composição que já nasceu um clássico! A bateria de Tom Hunting inicia “Piranha”, mais um hino que não deixa nenhum ouvinte indiferente. “Riffs” pungentes e solos desvairados, uma levada frenética de bateria e mais um refrão poderoso fazem dessa composição outro clássico indispensável em qualquer show da banda.

Dedilhados suaves e gentis introduzem a sétima faixa, “No Love”. Assim que a música se inicia, o ouvinte deve pensar que se trata de um momento de calmaria, provavelmente uma balada perdida no meio da destruição sonora, certo? ERRADO!!! Alguns instantes depois vemos que se trata apenas de uma bela, porém sarcástica introdução para mais um som agressivo e impiedoso. Ainda que mais cadenciada, é uma música violenta e pútrida e não faz a qualidade do disco decair por um segundo que seja. Logo após, é a vez de “Deliver Us to Evil”, a faixa mais longa, progressiva e técnica do álbum. Contando com interessantes mudanças de andamento, além de um exímio desempenho da dupla de guitarristas Holt/Hunnolt, é um grande som que se destaca das demais composições do trabalho devido a sua estrutura mais complexa e trabalhada.


O ultimato da banda se manifesta através de “Strike of the Beast”, onde a banda entrega mais uma avalanche destruidora que não deixa pedra sobre pedra, regada a muitos “riffs” claustrofóbicos, uma bateria demente e vocais rasgados e alucinados, encerrando assim essa jóia máxima do Thrash mundial. Provavelmente, a altura que o álbum se encerra, o ouvinte está com a cabeça tonta e o pescoço dolorido de tanto “banguear”.

Assim como diversos clássicos históricos, esse álbum também é dono de algumas histórias e fatos bastante curiosos. “Bonded By Blood” estava pronto desde o inverno de 1984, mas acabou sendo lançado apenas em 1985 devido a um conflito com a gravadora. Originalmente, o nome do álbum seria “A Lesson In Violence”, mas a banda não conseguiu encontrar uma ilustração que representasse esse título e optaram por alterá-lo. Também é importante mencionar que uma cópia em fita cassete do álbum, com o seu título original, foi amplamente distribuída após a conclusão do registro no final do verão de 1984, criando um imenso burburinho subterrâneo antes do lançamento oficial do LP. Contudo, o seu lançamento foi adiado, devido a problemas com a obra de arte conceitual do registro. 

Vale lembrar também que uma excelente composição que ficou de fora desse petardo foi “Impaler”, música escrita originalmente pelo guitarrista Kirk Hamett (Metallica) e que foi tocada diversas vezes ao vivo. O Exodus acabou não inserindo ela no álbum, pois Hamett utilizou o “riff” principal dela em “Trapped Under Ice”, faixa de “Ride the Lightning” (1984), do Metallica. Contudo, com o lançamento de “Tempo of the Damned” (2004), a música finalmente foi inclusa em um registro de estúdio da banda.

Como todo clássico que se preze, “Bonded By Blood” foi relançado pela primeira vez em 1989, pela Combat Records, agora com uma nova capa, que incluía uma imagem em vermelho e preto de uma plateia, com o logo estampado com letras garrafais e o título do álbum logo abaixo. Essa versão também contava com duas faixas ao vivo, sendo elas, respectivamente, “And Then There Were None” e “A Lesson In Violence”, ambas ao vivo e com o segundo vocalista da banda, Steve “Zetro” Souza. Já, em 1999, a Century Media Records relançou o disco mais uma vez, incluindo as faixas bônus da prensagem da Combat Records, mas restaurando a arte de capa original. 

Sujo. Veloz. Primitivo. Perfeito! Isso é “Bonded By Blood”, meus amigos. Uma verdadeira bíblia do Thrash Metal, sem mais! Visceral e direto, do jeito que deve ser! A banda inteira concebeu uma legítima obra prima que atravessa décadas e gerações sem perder nada de sua qualidade e importância. Paul Baloff pode não estar mais entre nós, mas certamente toda a sua insanidade também fez esse “debut” ser o que é. Ainda que ele jamais tenha sido um grande vocalista, era um sujeito que realmente amava o Metal e literalmente dava o seu sangue pela música que tanto venerava e, além disso, se esse registro é insano da forma que é, podem ter certeza de que isso se deve a personalidade de Baloff. Era um “frontmen” ensandecido e maníaco e cujo legado realmente jamais será esquecido. Pois é! 30 anos depois e a “lição de violência” continua, perversa e ininterrupta. E ela jamais irá terminar, tenham certeza disso...

Tracklist:
01. Bonded by Blood 
02. Exodus 
03. And Then There Were None 
04. A Lesson In Violence 
05. Metal Command
06. Piranha 
07. No Love 
08. Deliver Us to Evil 
09. Strike of the Beast

Lineup:
Paul Baloff (R.I.P. 2002) (Vocal)
Rick Hunolt (Guitarra)
Gary Holt (Guitarra)
Rob McKillop (Baixo)
Tom Hunting (Bateria)


Escrito por David Torres

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...